Minha vida, sua
vida, nossas vidas.
Uma eterna divisão.
O que esperam de
nós?
É importante o que
esperam?
Seja bom, para ser
amado;
honre seus pais;
trabalhe pela
justiça no mundo;
seja honesto
sempre;
seja gentil e
verdadeiro;
honre a Deus, sobre
todas as coisas;
vista-se
adequadamente;
dê dinheiro aos necessitados;
alimente-se
direito;
cuide de seu corpo
e sua saúde;
não fume; não beba;
não transe antes de
se casar;
esconda sua
sexualidade;
case-se, tenha
filhos, ame-os;
seja simpático,
cordial, pacífico.
Seja, seja, e
apenas seja.
Mas se nada disso
dá certo?
E se seus pais o
abandonam?
E se a bondade
aceita é a pusilamidade?
E que justiça devo
defender?
A das leis, que
beneficia a corrupção,
ou a que clama
oportunidades iguais a todos?
Como ser
verdadeiro,
em um mundo que
cultua a ilusão?
O que é vestir-se
adequadamente?
Saia, maquiagem,
salto alto,
Mesmo que me
incomode?
É traje social,
casual ou a nudez completa?
Perdoariam minha
nudez,
em um mundo onde
minha nudez de mulher,
sempre é objetificada?
E o necessitado?
A quem devo ajudar?
Os que vagam sem
espírito ou sem dinheiro?
Pois a corrupção de
sonhos e capacidades,
empobrece mais que
a falta de dinheiro...
E o que se pode
fazer?
Não se dá aquilo
que cada um precisa cultivar.
E como ser gentil andando
em meio a espinhos?
Como honrar esse
Deus, criado pelos homens,
invocado para
sustentar nossas diferenças?
Por que não fumar,
não beber?
Meu corpo, então,
não me pertence?
Onde estavam os
guardiões do meu corpo,
quando ele foi
violado, maltratado e objetificado?
Qual o sentido
dessa moral e dessas regras?
Cobra-se essa
conduta social,
pune-se socialmente
quem desrespeita.
Fala-se muito,
faz-se pouco.
Mas, então, o que
dá à sociedade esse direito?
Exige-se um paraíso
na terra,
utópico, repleto de
beleza, de “normalidade”,
mas que realmente
nos mantém na posição inicial...
Meros peões de uma
vontade coletiva,
ditadas por aqueles
que desejam a continuidade...
Onde há espaço para
o amar em sua pureza?
Onde está o espaço
para a verdade de cada um?
E por que calamos
nossas vozes?
Essa voz interior é
uma ameaça?
Ser feliz,
verdadeiramente, é ameaçador?
Negar a Deus, as
regras opressoras e o poder...
Não há nada mais
ameaçador que assumir sua divindade...
E, ainda assim, nos
deixamos oprimir.
Medo é mais forte
que o desejo de liberdade.
Rouba essências,
amores, sonhos...
O medo rouba-nos
tudo, até nossa divindade...
Quem precisaria de
um deus, quando somos deuses?
Mas esse arremedo
de vida, continua seu curso...
Nos coloca
constantemente em colisão,
com a verdade que
existe em nosso âmago...
E a continuidade,
continua...
Minha vida, sua
vida, nossas vidas,
Amordaçadas por
essa eterna divisão...
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