Passos, vozes,
agitação.
Vida. Risadas.
Vidas.
Mas a tristeza, em
mim, é contínua,
Como se estivesse à
parte de tudo,
Apenas
contemplando.
Um vazio, repleto
de ecos.
Ecos de abraços
retidos;
Sorrisos falseados,
Cobranças, autocobranças,
exaustão.
Seja bom, para que
possa ser amado.
Sorria, para que
possa ser bem tratado,
Ainda que por
dentro esteja partido.
Presa a uma bolha
de “senões”,
Passo pela vida em
um “talvez”,
Almejando
liberdade.
A destruição de
todas as algemas,
Que o julgamento
alheio,
Um dia impôs a mim.
Por que foi tão
fácil crer nessa mentira,
De que o melhor é
seguir “os outros”?
Ninguém sente o que
sinto,
Ninguém me conhece
como me conheço,
Ninguém me amaria,
como eu me amo.
Mas todos querem
que sejamos normais,
Normais aos olhos
dos outros.
“Outros” que são
desconhecidos,
Intransigentes,
assustadores, opressores.
Uma sombra que pesa
em minhas costas,
Roubando sonhos,
poderes, vidas.
Passos, vozes,
agitação.
Vida. Risadas.
Vidas.
Quem sou eu em meio
a isso tudo?
Uma voz, um corpo,
um título?
Por que o que
importa aos outros,
Tornou-se tão
essencial a mim,
Mesmo diante do
massacre do meu eu?
Quando se busca a
aceitação dos outros,
Qualquer esboço de
personalidade,
Soa como um pedido
de permissão,
Sujeito a ser
denegado, rasgado, banido.
E quem é mais
cruel?
Quem julga, aponta,
fere,
Ou quem encolhe a
si mesmo pelo medo?
Passos, vozes,
agitação.
Vida. Risadas.
Vidas.
Nada.
Somos pó,
debatendo-se em arrogância.
Tolhemos a nós
mesmo,
Confusos, por medo
uns dos outros.
E o que importa
tantos julgamentos,
Se no final de
tudo,
Tornamos ao pó de
onde nascemos?
Tudo se torna nada.
Um vazio cheio de
formalidades,
Que encobrem, como
uma ilusão,
A verdade que
fingimos não ver:
Somos opressores de
nós mesmos.
Torturadores,
agressores,
Prisioneiros e
vítimas de si próprio.
Nadas que preenchem
tudo,
Com ilusões de
certo e errado,
Normal ou anormal,
Céu e inferno,
Claridade e
escuridão.
Um emaranhado de passos
apressados,
Vozes, agitação,
ilusões.
Vida. Risadas,
lágrimas.
Eclipsada pela morte.
O ponto final de
todos.
O desfecho de tudo,
Dos passos, das
vozes, das agitações,
Da vida, das
risadas, das vidas.
G. P. Silva Rumin
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