sábado, 16 de fevereiro de 2019

LIBERDADE


O mundo disse que sou torta.
Você disse que sou certa demais.
E na confusão entre essas forças,
Permaneço inerte diante da vida.
Sinto-me. Nem torta, nem certa.
Apenas sinto-me.

E deixo-me sentir, experenciar.
Pois torta ou certa,
Depende de quem me vê,
E do mundo que o cerca.
Sou torta, para quem se acha certo.
Sou certa, para quem se acha torto.
E eu, sou eu mesma, diante de mim.
Um deus, entre deuses,
lutando para deixar-se brilhar.
Sou o mundo, dentro do mundo,
O caos e a vida;
O término e o recomeço.
Sou eu, por mim mesma.
A poeta, sem rimas.
A mulher que não ama homens.
A negra, de pele clara.
A ateia que ama Deus.
A filósofa, que renega a filosofia.
A confusão e o acerto.
Essa sou eu.
Aquela que por ser certa, foi rejeitada.
Que por ser torta, já foi excluída.
Aquela que sente tudo, vê tudo,
Fingindo estar alheia ao mundo.
Vago neste torpor estranho,
Formado por mentes adormecidas,
Presas entre tristezas e banalidades,
Sendo certa e torta ao mesmo tempo.
Sim, minha querida. Sou certa.
Para sua torta vida, sou certa.
Mas também sou torta.
Fui torta, quando a amei.
Fui torta quando notei que não me amava,
Deixando-a se aproximar, ainda assim,
Sabendo que me machucaria,
Enfeando a beleza do meu ser.
Agora, apenas sinto-me.
E vejo-a como uma canção da moda.
Fugaz, passageira e esquecível.
Pois aprendi, às duras penas,
Que não dependo do seu amor,
Tão pouco da opinião do mundo.
Eu apenas sou e sinto-me.
Basto-me a mim e à vida.
E o nome disso não é “certa” ou “torta”.
O nome disso é “liberdade”.
 G. P. Silva Rumin

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