domingo, 31 de março de 2019

SACRIFÍCIO


Pior que exigir amor eterno,
É acreditar na ideia em si.
Tal ideia é uma corrente.
Pois quando o amor termina,
É o sacrifício de si que impera.
E sacrifício, não é amor.
Renunciar a si, por uma ideia,
Jamais será amor.
Prender-se por exigência de uma ideia,
Construída por outros,
Pessoas que não o conhecem,
É escravidão...
Ah... Onde está o amor em tudo isso?
Por que tamanha inversão?
Quem inventou que sacrifício era amor,
Por certo, não amou...
Amei muitas...
Continuo amando-as...
Mas protegi-me do sacrifício,
Quando a metáfora das palavras feneceram,
Restando apenas exigências.
Por que isso é sacrifício.
Dar, sem receber.
E dar sem receber, é perder sempre.
O perder de sonhos,
Sorrisos, abraços, carinhos, cuidados.
É o perder a si, para dar ao outro.
É o apagar-se, para que o outro brilhe.
E o sacrifício é uma mentira.
Não há nada que se dê, sem espera,
Porque não existe o plantio sem a colheita.
Julguei todos meus amores, eternos.
E o são.
O que não existe é o “juntas para sempre”.
Só há continuidade no amor.
A pureza do gostar, em si,
Que é para além do conviver.
A única continua relação, é conosco.
E não há beleza maior,
Que o amor a si mesmo.
Uma eternidade em si.
Para os outros, somos companheiros.
Passageiros, de mãos dadas,
Enfrentando turbulências,
Entre jornadas de tristezas e alegrias.
Uma jornada fugaz, apenas...
G. P. Silva Rumin

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