O mundo encara-me.
É um olhar de
expectativas,
Deitadas sobre mim
em cobranças.
Um mar de olhos,
bocas, sonhos.
Um som alto de
gritos e imprecações,
Elogios e risadas
de galhofa.
Visto uma máscara.
Um espectro que
encobre outro espectro.
E no desespero de ver-me
encarada,
Apontada e
rotulada,
Ser espectro é
benção e maldição.
Sou eu e não sou
eu.
É acordar toda
manhã, fatigada,
Na certeza de que
tudo se repetirá.
Nada muda sob o sol
ou a lua.
E, então,
indago-me.
Como você rompeu
isso,
Apenas com um olhar
lânguido?
Porque, ali,
defronte a você,
Minhas máscaras
desabaram.
Fui desnudada,
hipnotizada e enfeitiçada.
Porque, ao estar
com você,
Não existiam
mundos, convenções,
Medos, hipocrisias,
falseamentos.
Desnuda, levantei
minha face,
Estapeando todos
que me encurralaram.
Enfrentei,
discursei, chorei,
Fomentei
revoluções...
Alterei meu próprio
curso...
Mas você era parte
da plateia...
Queria a máscara
que usei...
E sem ter controle
de nada,
Vi-me presa em uma
cobrança pior.
Pior que todas as
expectativas que carreguei...
Fui presa à ilusão
que vesti,
E que você amou...
Mas seu amor, era
realmente amor?
Meu amor, era
realmente amor?
Não sei...
Já não carrego mais
expectativas,
Minhas ou do mundo,
Sob o sol ou sob a
lua...
Já não tenho mais
você,
Se é que um dia
tive...
Tenho a mim, somente,
A mulher desnudada diante
de tudo,
Até
de suas próprias máscaras.
G. P. Silva Rumin
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