domingo, 5 de janeiro de 2020

CAMINHANTE


Disseram que meu destino seria repetir os erros dos meus pais. Mas me rebelei contra essa espécie de sina, escolhida pela opinião dos outros.
Já fui agredida por pessoas que acreditei que me protegeriam. Mas perdoei, por acreditar que ninguém é capaz de causar sofrimentos, estando em paz de espírito. Uma paz, que todos almejam e buscam, mas nem sempre é encontrada.
Já fui ridicularizada, em meio a uma multidão de anônimos. Mas chorei em silêncio, por acreditar no poder do tempo, como remédio de todas as tristezas.
Já fui rotulada, prejulgada e discriminada, por pessoas que estavam na posição de me acolher. Mas me fiz cega e surda, tentando me blindar de assumir como verdadeiras, opiniões daqueles que se entregam à ignorância, por falta de compaixão.
Já escutei vários “eu te amo” sem sentido algum. Mas também disse muitos “eu te amo”, sem sentido algum...
Já tentaram me diminuir por eu ser mulher. Mas fui forte, visionária, guerreira e, em todas às vezes, vitoriosa.
Já tentaram me diminuir por eu ser negra. Mas me fiz multicolorida e universal, tornando-me todas as cores de pele do mundo.
Já tentaram me diminuir por minhas origens pobres. Mas sai por aí doando amor, bom humor e bondade, especialmente aos miseráveis de espírito.
Já tentaram me diminuir por eu ser gay. Mas decidi ser feliz mesmo assim. Afinal de contas, quem foi que disse que amor tem fórmulas ou sexo?
Já tentaram calar minha fé. E nesses momentos é que senti a presença divina em meu coração, confortando, amparando e guiando minhas decisões.
Já tentaram me convencer, que esse mundo é feito somente de maldade. Mas optei por ser bondade, luz e amor e enxergar somente a bondade a luz e o amor.
Já tentaram me convencer que meus sonhos eram meras fantasias. Mas mesmo assim, continuei caminhando, sempre em frente, buscando e esperançando, tendo a mim a medida de todas as coisas e tão somente.
Minha vida não saiu exatamente como eu planejei. Sequer pude superar metade das tristezas por que passei, nem pedi perdão à metade das pessoas que magoei. Mas fiz o melhor que pude. Pois sou o melhor que posso. E sou no agora a melhor versão de mim mesma.
Fiz das quedas um mero degrau e, com isso, continuei caminhando, com o ar abobalhado daqueles que não sabem nada sobre a vida.
E a única certeza que acalento, é que sou capaz de tudo, até do impossível, desde que eu acredite e continue caminhando...

G. P. Silva Rumin

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