Um olhar.
Um sorriso.
Um beijo e alguns “eu te amo”.
E tudo basta para um romântico.
Sonhar acordado.
Diálogos apaixonados,
travados em sua mente,
em madrugadas insones.
Flores e sorrisos;
tórridas noites de amor,
e algumas manhãs chuvosas.
Lembranças de perfumes,
carinhos, corpos misturados.
Um redemoinho de visagens,
centrifugado em sua mente.
O irreal mescla-se ao real.
A ilusão torna-se verdade.
E a guerra pela vida inicia-se.
A luta para transmutar a mentira em realidade.
E para um apaixonado sonhador
nem mesmo o abismo é limite.
Mas o limite... sempre está lá...
Quando menos se espera, acorda-se...
Um acordar dolorido,
cheio de mágoas e vergonhas.
E a realidade dói...
Atuar em um filme, sozinho;
fazer amor, sozinho;
amar, sozinho;
sonhar, sozinho;
iludir-se, sozinho;
decepcionar-se, sozinho.
Porque o “eu te amo” que você diz
não é o mesmo “eu te amo” que recebe.
E cada um dá uma intensidade ao amor...
E cada um dá uma intensidade à ilusão do amor...
Um desnível entre o que se dá e o que recebe,
que jamais é preenchido...
E fecham-se almas...
Economizam-se beijos e abraços.
Escondem-se os “eu te amo”.
Envergam-se máscaras.
Criam-se tipos e personagens caricatos.
A caricatura do que um dia fomos,
esperando ser libertada.
E eis o grande enigma...
Nos escondemos do amor,
na busca de sermos libertados pelo amor...
Pois para nós o amor é tudo,
ainda que o neguemos...
Indago-me, mudamente,
qual a razão para falsearmos tanto?
Que beleza há em jogar-se com o amor?
E, pior, que beleza há em jogarmos com pessoas?
Um olhar, um sorriso,
um beijo e alguns “eu te amo”,
deveriam bastar.
G. P. Silva Rumin
(Poesia integrante do livro Kátharsis, disponível em amazon.com.br)
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