domingo, 7 de dezembro de 2008

COM OS OLHOS DE CRIANÇA

Em algumas ocasiões, quando caminho pelas ruas, sem querer me vejo observando a fisionomia das pessoas. É muito interessante verificar que para cada dia da semana, existe algo em comum no semblante de todos que passam por mim... Seria apenas coincidência? Estaria vendo demais?
Às segundas-feiras, as pessoas estão com semblante cansado, quase deprimidas, como se o fosse necessário um esforço descomunal para se acostumar à rotina de trabalho ou tarefas diárias que recomeçam em suas vidas no início da semana.
Às terças-feiras, o semblante é o mais carregado da semana e acredito que este é o dia mais propenso às brigas. Todos estão sempre enrugados por preocupações! Pergunto-me se seriam contas a pagar; problemas no casamento ou no namoro; desilusões amorosas; prazos a cumprir. O fato é que nesse dia da semana tudo me parece stressante...

Quartas-feiras são mais leves: estamos no meio da semana! O clima torna-se ameno e, não raro, alguns até escapam para um happy hour, ou um bate-bola com os amigos! Nesse dia as pessoas sorriem, conversam, contam anedotas, mas sem esquecer que a semana não terminou! É o estranho clima de “ ufa!está acabando”.
Ai as quintas-feiras... Nem parece que no dia anterior houve um momento de descontração! As pessoas até parecem ter acordado de um pesadelo... Tudo é feito de modo atropelado e ninguém mais fala com ninguém... Já reparou que é sempre na quinta-feira, que entramos em nosso trabalho esquecendo de dizer bom dia, por causa da impressão de não termos saído do expediente no dia anterior? Não gosto nem de comentar essa sensação insólita, transparente no rosto das pessoas!
Nas sextas-feiras tudo relaxa! Claro que tem sempre a agitação de um final de semana por vir, mas ainda não é sábado e então as pessoas se mostram sorridentes e sisudas, ao mesmo tempo... Conversas paralelas; risadas; planos. Tudo ganha um clima de pré festa.
No sábado, tudo se transforma... Uns andam pelas ruas, preocupados, enquanto outros caminham vagarosamente olhando vitrines... Já perceberam como no sábado as pessoas se fixam mais em vitrines? Os rostos das pessoas revelam uma agitação incomum... Carros andam com seus sons altos; pessoas sentadas na calçada tomam cerveja; mulheres e homens desfilam roupas mais informais...
Apesar de tudo, o que gosto mesmo é de caminhar nas ruas aos domingos... As pessoas se olham nos olhos, dá para acreditar? Algumas nos cumprimentam... Outras devolvem o seu bom dia com um sorriso! O cheiro de macarronada e frango assado, no ar, lembra a casa de meus avós nos impagáveis almoços de criança...
Caminhar aos domingos, para mim, é ter tempo para olhar as fachadas dos prédios e escutar os sons do mundo... Como é bom o canto dos pássaros no dia de domingo... Como é bom escutar uma música, caminhar por um jardim, entrar no meio de uma feira, somente para comer um pastel!
É no domingo que voltamos a ser crianças... Brincamos com nossos filhos; comemos até ficar empanturrados, sem medo de engordar... Sorrimos mais; falamos mais com as pessoas que amamos. Sempre temos tempo para fazer coisinhas bobas, como dizer um eu te amo ou convidar alguém para assistir aquele filme meloso.
Penso que devíamos sempre nos comportar como se fosse o domingo... Por que não dizer eu te amo em plena segunda feira? Por que não brincar com seu filho numa quinta feira? E que tal dizer bom dia e sorrirmos todos os dias da semana? Acredito que seria bom vagar por todos os dias como uma criança nos dias de domingo, pois, afinal de contas, quem somos nesse planeta? Somos uma existência criada para ser feliz, mas isso é o que menos tentamos fazer... Será que é esse o motivo para tanta infelicidade? Eu acho que sim... Deixamos morrer a felicidade dentro de nós quando esquecemos quem somos: seres humanos!
Então vamos lançar já essa campanha! Vamos dizer “obrigado” para todos, mais vezes por dia! Vamos olhar nos olhos das pessoas e cumprimentá-las! Vamos sorrir mais, brincar mais, sonhar mais! Vamos transformar esse mundo, através da transformação de nós mesmos. Tudo se resume a um ato de amor de cada vez!
Não esqueçam de ser felizes, mesmo que as contas a pagar teimem em tentar enrugar suas testas. A felicidade não é um dom que alguns têm e outros não. Trata-se de algo consumado dentro de nós, que podemos exteriorizar a qualquer momento quando passamos a nos importar mais com as pessoas que nos cercam ao invés dos bens materiais que não temos.
Por isso eu os convido: vamos caminhar pela vida com o olhar de uma criança em pleno dia de domingo!

Silva Rumin

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