Vejo-a em meus
sonhos.
Desejo-a em todos
os momentos,
irritada com meu
estúpido coração,
e surpresa com meu
próprio corpo.
Por que não tenho
mais controle?
Estou em uma dor
amarga,
sentindo a falta.
Mas de quê?
Você foi minha dádiva,
mas também uma
maldição.
Deu-me migalhas de
um amor,
que transformei em
“felizes para sempre”.
Mas nunca fui seus
planos...
Agora estou em uma
terrível situação.
Amo um monstro.
Como lidar com
isso?
Amar
incondicionalmente,
alguém que nos
abandonou.
E como ainda consigo
amá-la,
eis minha
incógnita.
Indago-me se um dia
chegou a me amar.
Mas minha razão
responde que “não”.
Você vive de
quimera em quimera,
destruindo vidas,
sem se importar.
Não fui a única.
Suas vítimas se
empilham por aí,
como escombros
humanos,
desvalidos pelo
amor,
que você plantou e
não ajudou a crescer.
Porque você mata...
Usufrui, ilude,
engana, destrói...
Você é um leviatã,
que manipula a tudo
e a todos,
por um capricho infantil...
Como posso conviver
com isso?
Amar um monstro?
Disseram-me que o
amor nos liga a Deus.
Mas que Deus é
esse?
Não há atrocidade
maior,
do que amar sem ser
amado.
Não há dor maior,
que decepção.
Não há desespero
maior,
do que não poder
ter aquilo que deseja.
E, ainda sim,
masoquista involuntária,
ainda vejo-a em
meus sonhos.
Os mais secretos...
Vejo-me saindo de
um pesadelo;
com você em meus
braços.
Mas acordo, triste,
lamentando.
Você sempre fugiu
dos meus braços.
E eu, tola que fui,
acreditei...
Vi uma desmedida
insegurança,
quando a realidade
se fazia clara.
Eu amava um
monstro,
fantasiado de fina
flor,
que cometeu o
abominável crime,
de cativar-me, sem
responsabilidade,
pelo simples prazer
de ter...
G. P. Silva Rumin
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