É
inconsciente.
Olho
seu corpo nu.
Já
não tenho em mim furor algum.
Nem
desejo; nem repulsa.
Paira
no ar um estranho tédio,
Silencioso,
triste, taciturno,
Uma
chuva fina molha a janela,
Deixando
a madrugada fria.
Você
suspira ruidosamente.
Sua pele
está arrepiada.
Cubro-a
enquanto penso no final.
Disseram-me
que amor era para sempre.
Mas a
vida, essa sábia cruel,
Tomou
para si essa terrível incumbência,
De destruir
minhas verdades mais profundas,
Dentre
elas, o meu amor.
Passo
o braço sobre você,
Sentindo
o vazio culpar-me.
Inconsciente,
num gesto de apego,
Agarro-me
à rotina e à culpa,
Tentando
impor a continuidade,
Mesmo
diante de um ruidoso fim.
Redobro
os afetos e as carícias,
Como
se eu, uma frágil e estranha mortal,
Pudesse
impedir essa força.
Não
há nada de inconsciente.
Há
requintes de ensaios e planos,
Arquitetados
em cada gesto.
Torno-me
então uma fingidora,
Incompleta,
triste e paranoica.
Tudo
em nome de uma mentira,
Uma
mentira escrita em todos os finais,
Mesmo
nos contos de fadas...
A
mentira do “felizes para sempre”.
Silva Rumin
Nenhum comentário:
Postar um comentário