É outono.
Um vento gélido
sacode o mundo,
espalhando folhas e
nostalgia.
Ella Fitsgerald
canta em minha vitrola,
Você vem à
lembrança, insistentemente.
Não é minha
vontade.
Desejo-a longe de
mim.
Mas, como um
fantasma,
vez ou outra você
vem me assombrar.
Crio paisagens com
minha imaginação.
Detenho-me em ver
folhas rodopiando,
em meio a um
crepúsculo modorrento.
Tento conter a
sensação de vazio.
Mas tudo é saudade
neste outono.
Nem mesmo as flores
resistem,
ao contínuo fluxo
dessa estação.
Florescem e morrem
com rapidez,
do mesmo modo que
meu amor.
Lido agora com as
cinzas,
tentando varrê-las
para longe de mim,
rezando para que o
vento as leve.
Mas, ainda sim,
você me assombra.
Instala, em mim, a
angústia sufocante,
de desejar odiá-la
com todas as forças,
mas falhar na
maioria das vezes.
Mas é outono!
Tempo de todas as
coisas morrerem,
as belas, as feias,
as inúteis.
Não há sobrevida no
outono.
Olho, novamente, o
rodopio de folhas,
enquanto rezo para
que o vento a leve de mim.
Porque é preciso
matá-la dentro de mim.
É preciso o luto
para esquecê-la de vez.
Mas, então, por que
continua voltando?
Parece resistir a
essa espécie de prenúncio,
Do inverno prestes
a chegar.
Um inverno de
vidas;
um inverno da alma.
Mas ainda é outono...
Onde tudo começa a
fenecer,
mesmo lutando para
continuar respirando.
E continuo
respirando,
calando lágrimas e
tormentos,
enquanto rezo
resoluta.
Peço a Deus que me
cure.
E que os ventos do
outono possam me sacudir,
arrebatando esse
amor para longe de mim.
G. P. Silva Rumin
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