Quem é teu deus,
esse todo poderoso,
sedento por ressaltar sua
pequenez?
Seu pai? Sua mãe?
Seu chefe? Seu pastor? O padre?
O ministro? O imã? O rabino?
O político? O governo?
O artista? Jesus? Buda?
Maomé? Meishu-Sama? Os santos?
Quem é teu deus?
Para qual deles você dá força,
falando, acreditando, temendo?
Por que o venera acima do
mundo,
dos homens e de si mesmo?
Para quem você se humilha,
em um recital de orações,
entregando seu poder de
escolhas,
almejando concessões divinas?
Para quem você cede seu fervor,
sua devoção, seu bem maior?
Pois tudo que está em um
pedestal,
torna-se deus.
Agrega seguidores,
organiza-se cultos,
dá vazão ao fanatismo.
E, então, quem é teu deus?
O dinheiro? O trabalho?
A religião? Suas convicções?
A bebida? A droga? O cigarro?
Os remédios? A doença? A
ingratidão?
E o teu sexo, é teu deus?
O teu corpo, é teu deus?
E que milagre você procura
nesse deus,
senão a simples satisfação de
si?
E já percebeu o quanto
sacrificou,
apenas por um olhar bondoso
desse deus?
Quanto já se desvalorizou?
Quanto já deixou de lado?
E já se perguntou se esse deus
existe,
ou se é uma criação sua para te
dar conforto?
E se está conectado a deus,
por que a penitência é tão
necessária?
Já pensou o que seria desse
mundo,
se ao invés da culpa e do autoflagelamento,
você espalhasse o bem?
Do que serve tua penitência,
senão o aumento, em si, da dor?
E do que serve a dor,
para aquele que já aprendeu a
lição?
Já encarou, seriamente, teu
deus?
Já se indagou o que o faz
melhor que você?
Não se olhou o suficiente no
espelho,
para enxergá-lo dentro de você?
E esse medo todo desse deus,
não seria o medo que tem de si
mesmo?
Quem é meu deus, me pergunto.
E meu coração pulsa,
palpitando uma resposta muda,
em um eco repetido,
esperançoso.
Seu deus, ele grita, é aquilo a
que dá força.
Meu deus, então, digo à mim,
é o amor.
E o amor, somente.
G. P. Silva Rumin
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