segunda-feira, 7 de maio de 2018

QUEM É TEU DEUS

Quem é teu deus,
esse todo poderoso,
sedento por ressaltar sua pequenez?
Seu pai? Sua mãe?
Seu chefe? Seu pastor? O padre?
O ministro? O imã? O rabino?
O político? O governo?
O artista? Jesus? Buda?
Maomé? Meishu-Sama? Os santos?
Ou será que é o Diabo?


Quem é teu deus?
Para qual deles você dá força,
falando, acreditando, temendo?
Por que o venera acima do mundo,
dos homens e de si mesmo?
Para quem você se humilha,
em um recital de orações,
entregando seu poder de escolhas,
almejando concessões divinas?
Para quem você cede seu fervor,
sua devoção, seu bem maior?
Pois tudo que está em um pedestal,
torna-se deus.
Agrega seguidores,
organiza-se cultos,
dá vazão ao fanatismo.
E, então, quem é teu deus?
O dinheiro? O trabalho?
A religião? Suas convicções?
A bebida? A droga? O cigarro?
Os remédios? A doença? A ingratidão?
E o teu sexo, é teu deus?
O teu corpo, é teu deus?
E que milagre você procura nesse deus,
senão a simples satisfação de si?
E já percebeu o quanto sacrificou,
apenas por um olhar bondoso desse deus?
Quanto já se desvalorizou?
Quanto já deixou de lado?
E já se perguntou se esse deus existe,
ou se é uma criação sua para te dar conforto?
E se está conectado a deus,
por que a penitência é tão necessária?
Já pensou o que seria desse mundo,
se ao invés da culpa e do autoflagelamento,
você espalhasse o bem?
Do que serve tua penitência,
senão o aumento, em si, da dor?
E do que serve a dor,
para aquele que já aprendeu a lição?
Já encarou, seriamente, teu deus?
Já se indagou o que o faz melhor que você?
Não se olhou o suficiente no espelho,
para enxergá-lo dentro de você?
E esse medo todo desse deus,
não seria o medo que tem de si mesmo?
Quem é meu deus, me pergunto.
E meu coração pulsa,
palpitando uma resposta muda,
em um eco repetido, esperançoso.
Seu deus, ele grita, é aquilo a que dá força.
Meu deus, então, digo à mim, é o amor.
E o amor, somente.


G. P. Silva Rumin

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